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10.10.2006
* 4º Capítulo *
"A Guardiã"

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O olhar de Evelin continuava preso nas nuvens que cobriam os ramos e a folhagem, completamente pasmada com a magnitude daquela árvore, quando um assobio estridente a fez saltar. Era Violet que soprava um pequeno apito de pérola branca.
Mal Evelin teve tempo de se questionar sobre aquela atitude inesperada e insólita já, diversos bateres de asas, sacudindo a folhagem, se faziam ouvir vindos do cimo da árvore. Porém, á medida que se aproximavam do solo, o que outrora parecera ser um delicado esvoaçar de pássaro transformara-se agora num pesado e ruidoso bater de asas, que, ao chegar perto do jovens, causou uma ventania tal que os obrigou a cobrirem a face com o braço.
Ao fim de poucos segundos tudo voltara ao silêncio e calma anteriores.
Evelin foi obrigada a, finalmente, baixar os braços quando sentiu um violento puxão nos seus cabelos.
A jovem soltou um grito de dor e, ao voltar-se, deu um salto que a fez cair no chão.
Diante dela estavam três belíssimos e elegantes cavalos brancos com duas enormes asas laterais cada um.
Evelin piscou os olhos de espanto e Violet apressou-se a explicar.
- Estes três belos animais, criados e tratados única e exclusivamente pelos Elfos de Ellyll, são pégasos! Hum… - Hesitou ela temendo ter sido demasiado vaga na sua explicação não tendo satisfeito assim as duvidas de Evelin - …são como que um cavalo de dupla função! Neste caso, além de cavalgarem normalmente, podem também transportar-nos até Ellyll!
Sempre que explicava algo, Violet dava uma entoação ás suas frases que as tornavam em afirmações mais gloriosas do que na realidade era, o que deixava Evelin adivinhar uma certa ansiedade na elfa em ser bem aceite pelos outros não fosse a sua família de grande importância.
Evelin levantou-se finalmente sacudindo as calças empoeiradas, não podendo deixar de notar um sorriso de malícia em Matt. Esta situação, em conjunto com o secretismo que o jovem mostrara naquela manhã, deixavam Evelin profundamente irritada, mas nada disse pois uma outra questão preocupava-a muito mais, o facto de ter que montar aqueles estranhos animais e, confiando naquelas criaturas que minutos antes lhe tentaram devorar o cabelo, subir até uma elevada altitude. Não era uma boa opção de forma alguma, mas não havia outra escolha.
Matt não demorou muito a aproximar-se de um dos pégasos ajudando Violet a subi-lo. De seguida montou outro dos animais sem se preocupar sequer em ajudar Evelin a quem tudo aquilo era estranho.
A jovem, cujo ódio aumentava a cada segundo, tentou mostrar-se indiferente perante tal falta de cavalheirismo e subiu para o pégaso que restava. Este rapidamente se afastou com um relinchar fazendo Evelin cair de novo no chão.
Os três pégasos relincharam em conjunto como se rissem de Evelin e esta, que começava a ficava a ficar seriamente zangada olhou para Matt. De novo o sorriso malicioso. De seguida olhou Violet na esperança de que esta a pudesse ajudar.
- Não podes tocar-lhes nas asas… - Disse Matt surpreendendo a jovem -…pois essa é a parte mais frágil do seu corpo. Vê se não te demoras pois não temos tempo a perder!
-“Não temos tempo a perder…Não temos tempo a perder…”- Resmungou Evelin entre dentes enquanto montava a criatura.
Caprice apressou-se a esconder-se no capuz da amiga.
Rapidamente Violet soltou novo assobio acrescentando com entusiasmo:
- Aqui vamos nós!
Quase instantaneamente os pégasos levantaram voo com um movimento que, ao apanhar Evelin de surpresa, a fez agarrar-se ao pescoço do animal.
Os pégasos voavam rapidamente e numa subida tão inclinada que se as pessoas que transportavam não se agarrassem bem poderiam cair.
Após alguns segundos de viagem um grosso ramo atravessou-se em frente ao pégaso de Evelin e esta fechou os olhos esperando o inevitável choque. Porém, como este parecia nunca mais acontecer, a jovem abriu os olhos e viu, com grande alívio, que o obstáculo ficara para trás. O seu pégaso relinchou parecendo gozar de novo com a sua inexperiente montadora. Evelin, não se contendo mais, deu uma leve pancada na asa do animal e este acelerou de tal forma que, por pouco, a jovem não caía.
Assim, Evelin e Caprice alcançaram o topo da grande árvore primeiro que os seus companheiros.
A jovem não pôde deixar de soltar um profundo suspiro de alívio por ter sobrevivido e, só depois de olhar à sua volta é que o seu coração pareceu parar de novo.
Caprice, que saiu rapidamente do casaco de Evelin, pareceu ficar igualmente pasmada.
Encontravam-se num amplo pátio de azulejos brancos que reluziam com a luz do sol, rodeado por fofas nuvens. Em frente, centrado numa fileira de chafarizes de mármore branco, estava o objecto de espanto das duas amigas. Um enorme palácio, feito em pedra de uma brancura reluzente, erguia-se rasgando as nuvens. Haviam centenas, se não milhares, de janelas em todo o seu comprimento e, ao centro, mesmo diante de Evelin e Caprice, estava uma gigantesca porta feita também daquela reluzente pedra.
Minutos depois, ainda ofuscadas com a beleza e brilho daquele monumento, Evelin e Caprice estremeceram com a chegada de Violet e Matt.
- Voas muito rápido Evelin, para quem não sabia sequer montar o pégaso. – Disse Matt soltando uma gargalhada.
Evelin revirou os olhos e seguiu Matt e Violet através da rua de chafarizes.
Poucos metros atrás do grande portão branco, o caçador parou bruscamente obrigando Evelin e Caprice a pararem também. Apenas Violet prosseguiu parando diante do portal. De seguida segurou uma pequena chave que pendia do seu colar.
-Para uma porta tão grande bem que podiam fazer uma chave à medida. – Gozou Evelin.
Matt olhou-a, mas nada disse e fitou de novo Violet.
Após segurar solenemente, durante alguns momentos a chave, Violet começou a proferir estranhas palavras que Evelin nunca antes ouvira.
- Isto é a linguagem dos elfos ou algo assim? – Perguntou Evelin sem tirar os olhos de Violet.
- É o antigo dialecto de Celtiwonde! – Responderam Caprice e Matt em uníssono.
Evelin preparava-se para responder quando um ruidoso ranger fez estremecer o chão e uma ofuscante luz branca invadiu o pátio do palácio. Evelin abriu a medo os olhos e diante dela o portal abria-se revelando um corredor de chão branco iluminado por centenas de candelabros prateados.
Violet fez-lhes sinal da porta para que a seguissem.
Evelin foi a ultima a entrar e o portal fechou-se, suavemente, atrás de si. Lá dentro um aroma floral pairava no ar e Evelin sentiu-se mais calma que nunca. Á medida que andava os seus pés pareciam flutuar no céu e o seu cabelo parecia esvoaçar numa brisa de Verão fazendo a jovem esboçar um sorriso involuntário. (...)
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enviado por Miss Cat as 9:06 da manhã 11 comentarios

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6.24.2006
*** Dia das Fadas 24 de Junho de 2006 ***
Como hoje é o dia das fadas resolvi dedicar-lhes este poema que embora não esteja directamente realcionado com elas acho que tem muito a ver... ***FAIRY POWER***

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Sonho

Nós sonhamos e só nos damos conta dele
Depois que ele acabou...
E fica aquela vontade
De sonhar mais um pouquinho.

Existem pessoas que são um sonho
Um sonho pelo qual nós
Dormiriamos a vida inteira
Mas o destino vem e acordanos violentamente
E leva-nos aquele sonho tão bom.

Existem pessoas que são estrelas
Doces luzes que enfeitam e iluminam
As noites escuras e as nossas vidas
Mas vem o amanhecer e rouba-nos
Com toda a sua claridade aquela estrela tão

Existem pessoas que são flores
Belezas discretas que alegram o nosso caminho
Mas com o tempo, as flores murcham,
E enchem-nos de saudade da sua cor e perfume.

Existem finalmente,
As pessoas que são simplesmente amor
Um amor doce como o mel de uma flor
Que desabrochou numa estrela e
Que veio até nós num lindo sonho!

E ainda bem que são amor
Porque flores, estrelas ou sonhos
Mais cedo ou mais tarde terminam...

Mas o amor, esse, não termina nunca!
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Dedicado a todos que se ainda se deixam levar pela magia e encanto das fadas em especial á minha priminha Elsinha que tal como eu vê toda a essência desse mundo maravilhoso!!!blog

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enviado por Miss Cat as 9:33 da tarde 8 comentarios

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6.21.2006
Best Friends 4 EVER

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Posto estas fotos em dedicatória as raparigas mais espectaculares que eu já conheci e que tornaram este ano supostamente de tormentas num ano do MELHOR!!!! ADOROVOS PA SEMPRE!!!

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enviado por Miss Cat as 1:25 da tarde 7 comentarios

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6.18.2006
*** Notificação 2 ***
Recentemente retirei grande parte dos capitulos 2 e 3 do meu livro de modo a manter a segurança do livro.
Quem desejar obter uma cópia completa dos capitulos pode contactar-me atraves do meu e-mail.

Aproveito tambem para informar que o 4º capitulo de "A Guardiã" está em "construção" e brevemente terão um excerto aqui no blog!!!!


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enviado por Miss Cat as 12:07 da tarde 0 comentarios

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1.27.2006
* 3º Capítulo *
“ Histórias do Bosque ”


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Á medida que se embrenhavam no bosque, as altas e densas árvores cobriam a saída da planície. Ao fim de quinze minutos Evelin já não mais avistava o velho carvalho mágico.
Tudo estava silencioso e sombrio, pois poucos eram os raios de sol que conseguiam atravessar as folhas das árvores.
Caprice e Evelin caminhavam uma ao lado da outra enquanto Violet e o seu misterioso companheiro andavam um pouco mais à frente, completamente alheados das duas amigas.
Evelin limitou-se a fitar o chão, ouvindo atentamente os passos dos seus companheiros a calcar ramos secos, fazendo-os estalar, e a pisar a terra molhada. Subitamente desviou o olhar para as montanhas que tocavam a lua e que pareciam acompanhar, lado a lado, o seu caminho através da floresta.
Alguns metros à frente, Violet enveredou por um carreiro ladeado por flores silvestres, o que fez com que as imponentes montanhas ficassem para trás.
A jovem Evelin enfrentou novamente o chão e assim continuou durante aquilo que lhe pareceram horas até que Caprice quebrou finalmente o silêncio:
- Acho que já está na hora de pararmos para reabastecer as nossas forças! – Afirmou a fada sentando-se no ombro de Evelin.
Violet e o jovem misterioso pararam e olharam Caprice mantendo o silêncio.
- Não temos tempo para paragens desnecessárias… - Disse o rapaz severamente.
- Bem… - Disse por fim Violet - …talvez ela tenha razão. Uma jornada destas não se faz de estômago vazio. E há já ali uma clareira, podíamos lá parar para almoçar.
- Com certeza menina Violet. – Consentiu o jovem seguindo caminho.
Evelin suspirou de alívio pois já começava a sentir fome e Caprice esvoaçou à sua volta indignada:
- “Com certeza menina Violet…faço tudo o que estiver ao meu alcance para lhe lamber as botas menina Violet!” – Gozou Caprice imitando a voz do jovem.
Evelin soltou uma pequena risada e Violet, que se apercebera da situação, deixou-se ficar para trás de modo a alcançar a fada e Evelin.
- Vocês não deviam troçar de alguém tão importante como ele! – Murmurou Violet.
- E que razão nos levaria a não troçar de uma pessoa tão arrogante e pretensiosa? – Perguntou Caprice na sua fina voz de fada traquina.
- Ele é descendente de um dos caçadores das Montanhas da Lua! Aliás ele próprio pertence a essa lendária linhagem, desde os nove anos de idade que ele caça tesouros raros e protege os elfos e a rainha Naím! São dez anos ao serviço de Celtiwonde! – Respondeu Violet dando, na forma como se exprimia, uma maior valorização aos actos do jovem.
- Oh…porque é que não estou impressionada? – Perguntou a fada ironicamente – Não me interessa se ele é lendário ou não, eu vou lá mostrar-lhe como se trata uma senhora! – Dito isto Caprice precipitou-se em direcção ao caçador.
- Não fada! – Gritou Violet tentando agarra-la, mas a pequena criatura escapou-lhe por entre o dedos e voou a grande velocidade parando em frente ao jovem e obrigando-o a parar também.
- Ouve lá, tu não penses que lá por seres todo importante nos podes tratar assim! E mais…
O jovem caçador retirou rapidamente do bolso aquilo que parecia ser uma pequena lanterna de bronze e entendeu-a diante de Caprice fazendo esta soltar um pequeno grito.
- Isso é um apagador de fadas! – Gritou Caprice assustada – Era utilizado por caçadores de fadas, tirava-nos a luz, depois o nosso pó mágico e depois matav… - Caprice caiu inanimada no chão.
Evelin correu rapidamente para ela empurrando o caçador para alcançar a fada. A jovem baixou-se e pegou cuidadosamente em Caprice tentado, com um dedo, sentir o seu pequeno coração bater. Felizmente a fada não estava morta apenas desmaiada pelo susto.
Evelin encarou furiosamente o jovem que permanecia impávido perante aquela situação.
- Olha o que fizeste! – Gritou ela – Podias tê-la matado!
O caçador revirou os olhos e prosseguiu ignorando Evelin.
- Não me vires as costas quando falo para ti seu…seu idiota! – A jovem pegou numa pequena pedra do chão e atirou-a ao caçador acertando-lhe no meio das costas.
O jovem virou-se bruscamente fulminando Evelin com o olhar, depois a sua expressão de fúria esmoreceu-se dando lugar ao habitual olhar misterioso.
- O meu nome é Matt… - Disse ele com a sua voz sedutora e meiga.
Evelin sentiu uma tontura ao ouvir estas palavras, como se aquele nome a fizesse viajar num mar cor-de-rosa, sentiu mesmo a sua face pálida a corar. Porém mal teve tempo para organizar os seus pensamentos pois Matt rapidamente a alcançou pegando em Caprice que continuava inconsciente e estendendo depois a mão a Evelin para esta se levantar do chão.
A jovem cedeu-lhe a mão e sentiu outra tontura, desta vez bem mais forte, e desejou que Matt não repara-se na sua cara cada vez mais rosada.
- Na clareira podemos deitar-lhe umas gotas de água. Acho que será o suficiente para a fazer acordar. – Sugeriu ele retomando o caminho. Evelin e Violet seguiram-no até, poucos minutos depois, alcançarem uma enorme clareira recheada de flores e cogumelos multicolor.
Evelin sentou-se junto a Matt enquanto Violet colhia algumas flores.
O jovem caçador segurou Caprice com uma mão e com a outra abriu um velho cantil de metal deixando cair sob a face da fada adormecida algumas gotas de água. Caprice estremeceu e abriu lentamente os seus olhos cor de esmeralda. Num movimento brusco a fada voou para fora da mão de Matt.
- Tu! – Gritou ela apontando um dedo ao jovem – Tu tentas-te matar-me! – Depois olhou para Evelin sentada ao lado do seu “carrasco” – Eve… Não me digas que usaste um dos teus feitiços para fazê-la aliar-se a ti, seu caçador de fadas!
Evelin levantou-se aproximando-se de Caprice.
- Tem calma…ele é dos nossos afinal…foi ele que te salvou a vida. – Disse Evelin à nervosa fada.
Caprice olhou, desconfiada para Matt que permanecia sereno, depois encarou de novo a amiga.
- Tens a certeza Eve? É que se ele te fez algo eu ainda posso desfaze-lo!
Evelin sorriu:
- Está descansada…ele é tão inofensivo como um coelhinho… - Evelin pensou por momentos -… bem, talvez não um coelho daqui. – Emendou ela.
Nesse momento Violet aproximou-se trazendo consigo alguns cogumelos e flores.
- Toma uma flor...sei como vocês, fadas se perdem com um pouco de pólen…
- Podes ter a certeza! – Exclamou Caprice voando com a sua flor para uma rocha.
- …Evelin e Matt, aqui têm cogumelos. – Violet estendeu alguns cogumelos verdes a Evelin e ao jovem.
- Dispenso… - Disse o caçador levantando-se e afastando-se.
- Ele é sempre assim tão amigável? – Perguntou Evelin com ironia.
Violet sentou-se junto da jovem suspirando:
- O Matt não é muito dado a conversas…há quem diga que é tudo por causa da morte do pai, mas na minha opinião ele é apenas tímido. – Explicou Violet.
- O pai dele morreu? – Perguntou Evelin.
- Sim…o Matt era ainda uma criança, ninguém sabe ao certo como a não ser ele…sabes o Matt estava com o pai quando ele morreu, mas ele nunca fala sobre isso. Tudo o que lhe interessa é ser o caçador lendário que encontra o maior tesouro do mundo e é aclamado por todos da aldeia das Montanhas da Lua.
- O maior tesouro do mundo? – Perguntou a jovem invadida pela curiosidade.
Violet olhou Evelin:
- O maior tesouro do mundo, aquele que Matt e os seus antepassados buscam insaciavelmente, é a Pérola do Dragão.
Evelin franziu o sobrolho e Violet continuou:
- É uma pérola mágica que multiplica tudo aquilo em que toca, quer seja dinheiro, comida, o que quer que for.
Os olhos de Evelin arregalaram-se perante tal explicação.
- Ora como a aldeia do Matt é bastante pobre – Prosseguiu Violet -…tal tesouro ia ser-lhes muito útil pois já não necessitavam de passar fome e todos iam ter um grande poder. Porém… - Violet hesitou durante alguns segundos -…a Pérola do Dragão pertence ao Rei Dragão, um ser que tanto pode ser um homem como a criatura que cospe fogo, e que governa todo o bosque de Celtiwonde.
- Então é fácil! O Matt só tem que ir até ele e pedir-lhe a pérola. Tenho a certeza que ele é bastante rico e poderoso e que pode ceder sem qualquer problema a pérola a um dos habitantes do seu bosque. – Disse Evelin.
- Não é assim tão simples…ninguém pode alcançar o castelo do Rei Dragão sem que este o queira. – Explicou ela.
- Oh… - Evelin baixou o olhar.
- Bem… - Levantou-se Violet - …já almocei e agora vou procurar o Matt, e tu vê se comes os teus cogumelos antes que eles fiquem azuis! – Dito isto Violet correu pelo meio das flores desaparecendo atrás de umas árvores.
- “Antes que eles fiquem azuis?” – Questionou-se Evelin olhando para os cogumelos no seu colo. Subitamente a cor verdejante de um deles foi substituída por um azul-escuro. A jovem espantada pegou nele largando-o rapidamente.
- Ai! Estão gelados! – Gritou ela sacudindo a mão.
- É… se não os comeres eles congelam. – Explicou Caprice que observara tudo – É a lei da natureza.
- Que lei mais disparatada! – Resmungou Evelin pegando noutro dos cogumelos que permanecia verde. – Será que são venenosos? – Perguntou ela examinando-o.
- Claro que não! É hora de almoço, logo isso são cogumelos de almoço! – Esclareceu Caprice – Comes um e pensas de imediato em algo que gostarias de comer, e o cogumelo toma o sabor daquilo em que pensaste!
Evelin soltou uma risada e, a medo, colocou um na boca. De seguida pensou num delicioso hambúrguer, como só se faziam no bar do “Flash”, e logo sentiu o sabor do queijo, da carne e da mistura secreta de molhos. Deliciada com aquela espantosa refeição Evelin engoliu os restantes cogumelos até ficar cheia.
- Deviam de existir coisas assim na minha cidade. – Disse Evelin levantando-se – Nunca mais tinha que comer aquela comida odiosa que a minha mãe encomenda.
Caprice sorriu.
Alguns minutos depois Matt e Violet apareceram, e o caçador transportava aquilo que parecia ser um bonito cachorro branco morto. Depois baixou-se junto de umas pedras e começou a fazer fogo. (...)
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enviado por Miss Cat as 11:05 da tarde 2 comentarios

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1.16.2006
*Violet*

Idade: Desconhecida
Características Físicas: Elfa; cabelos negros ondulados; olhos violeta
Características Psicológicas: Romântica; doce; meiga
Outros:Uma das principais aias e mensageiras da rainha Naím; Junta-se a Evelin e torna-se na sua concelheira amorosa.

enviado por Miss Cat as 6:46 da tarde 0 comentarios

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* 2º Capítulo *
* Porta Para Um Mundo Mágico *

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Amanheceu e a chuva persistia em cair. Contudo, desta vez, era ainda mais fria e triste para a pobre Evelin.
Mal tinha acabado o pequeno-almoço de uma torrada, já o pai a chamava para seguirem viagem. Na mala tinha apenas o indispensável e nem o seu adorado leitor de cds lhe foi permitido levar.
Sentada no carro, envolvida pelo silêncio que se fazia sentir, Evelin observava as gotas de chuva a escorrerem pelo vidro, faziam-lhe lembrar a sua vida que se ia desmoronando lentamente. Embalada pelo som da chuva no tejadilho do carro os seus olhos cansados, resultado de uma noite em branco, finalmente fecharam.
Quando Evelin abriu de novo os olhos o cenário havia mudado radicalmente. Não mais se avistavam os altos arranha-céus cinzentos e a chuva fora substituída por um sol radiante.
Álvaro parou, minutos depois, numa estação de serviço cujo letreiro partido tornava ilegível o nome daquele local.
Sem dirigir uma só palavra à filha Álvaro dirigiu-se ao restaurante e ambos tiveram aquela a que se poderia chamar “a refeição mais silenciosa do mundo”.
Enquanto Evelin se deliciava com um saboroso hambúrguer, um homem alto, moreno, de barbas e cabelos prateados aproximou-se da mesa transportando um molho de flores.
- Não estamos interessados em comprar nada! – Apressou-se Álvaro.
O homem de barba prateada sorriu:
- Oh…mas eu não pretendo vender nada! – Afirmou ele com a sua voz forte mas meiga – Apenas gostaria de oferecer uma rosa a esta bela jovem.
Evelin corou ao receber uma rosa de um azul mais profundo que o oceano.
- Bem…hum…obrigada por me oferecer uma rosa pintada! – Agradeceu Evelin com ironia.
- Mas não é pintada menina… - Respondeu o homem.
Evelin soltou uma pequena gargalhada:
- Toda a gente sabe que não existem rosas azuis naturais! – Replicou a jovem.
O misterioso homem baixou-se como se fosse segredar algo a Evelin:
- Talvez não neste mundo…- Murmurou ele -…guarde-a bem menina ela vai aproxima-la de algo que lhe trará felicidade. – Dito isto, o homem de cabelos prateados afastou-se e saiu do restaurante deixando Evelin bastante intrigada com aquelas palavras.
“Talvez seja apenas um lunático!” – Pensou ela a fim de afastar os pensamentos estranhos da sua mente.
Terminado o almoço Álvaro e Evelin percorreram estradas através de montanhas e campos cultivados até que, três longas horas depois, alcançaram uma pequena povoação rodeada por bosques. Na entrada da aldeia lia-se numa velha tabuleta de madeira “Bem Vindos a Celtin”.
Evelin sempre achara ridículo tudo aquilo, as mulheres idosas nos portões das casas, olhando-a de lado, os homens sempre preocupados com as colheitas e as crianças e jovens sempre a correr de um lado para o outro na rua. Era como se aquele local, perdido no meio de nada tivesse parado num tempo remoto.
Felizmente para Evelin a casa da avó ficava afastada da povoação, no extremo da aldeia, mesmo ao lado do denso bosque de Celtin.
O carro de Álvaro fora seguido por olhares curiosos á medida que atravessava a aldeia. Por fim chegaram a uma cerca de madeira branca que conduzia a uma adorável casinha amarela de telhado branco.
A avó Camila esperava-os sorridente junto á cerca.
- Querida Evelin! – Disse a avó Camila na sua voz doce enquanto correu para abraçar a neta.
Estava exactamente como Evelin se lembrava da última e única vez que tinha visitado a avó: cabelos brancos apanhados em cima da cabeça, olhos azuis brilhantes e meigos, pele engelhada, sempre com um avental florido e o seu belo e terno sorriso.
- Há quanto tempo não te via meu bem! E como cresces-te e te tornaste numa bonita menina! – Afirmou a avó entusiasmada examinado a neta. – E tu Álvaro…sempre com esse ar cansado e aborrecido! Devias fazer como a tua filha e tirar umas férias aqui no campo!
Álvaro forçou um sorriso.
- Que pena a minha Cristina não puder ter vindo! – Continuou Camila – Também sempre atarefada com aquela loja infernal! Nem sei como vocês sobrevivem! Olhem para a menina… - A avó Camila apertou a face de Evelin - …tão pálida e magra! Esses ares de cidade só lhe fazem mal!
- Ok Dona Camila! Eu vou indo, tenho um longo caminho a percorrer…tome bem conta dessa menina e não a deixe sair das marcas! – Ordenou Álvaro lançando um olhar de desprezo a Evelin.
- Oh…que nunca saiu das marcas nesta idade Álvaro?! – A avó Camila soltou uma sonora gargalhada.
O pai de Evelin revirou os olhos e entrou no carro partindo a toda a velocidade.
A avó Camila, sem nunca perder o sorriso olhou Evelin:
- Anda meu bem, vou-te preparar um lanche! Pareces morta de fome!
Evelin entrou na casa amarela seguida pela avó.
Lá dentro tudo parecia adaptar-se à figura simpática e doce da avó Camila. Chão de madeira e paredes brancas, os armários da cozinha eram em madeira branca e as pequenas janelas estavam deliciosamente decoradas com cortinados floridos e rendados.
Nada desta ternura porém agradava a Evelin que amava acima de tudo a sua cidade escura e cinzenta que tão bem se encaixava com a sua vida. Ali a jovem sentia-se deslocada, num mundo ao qual não pertencia, mas após dar uma dentada na deliciosa tarte de maçã da avó sentiu-se um pouco melhor.
À noite, após o jantar, a avó Camila sentou-se com Evelin no sofá da sala, onde também as madeiras e os motivos florais eram abundantes.
- Então diz-me meu bem…que se passou para a tua mãe parecer tão perturbada quando me ligou? – Perguntou Camila mantendo-se sempre calma e amável.
- Hum…eu envolvi-me numa briga na escola e fui expulsa… - Respondeu Evelin timidamente.
- E essa briga teve algum motivo em especial?
- Sim…foi o meu namorado…ex-namorado…ele e uma rapariga que eu sempre detestei magoaram-me muito…
- Oh…então ninguém tinha o direito de te repreender por teres demonstrado os teus sentimentos… - A avó Camila sorriu e levantou-se saindo da sala.
Momentos depois Camila apareceu na sala transportando consigo um embrulho de papel pardo e entregou-o a Evelin.
- Abre meu bem… - Pediu a avó Camila.
Evelin retirou cuidadosamente o papel, desembrulhando um bonito globo de neve. Lá dentro a estátua de uma pequena fada cor-de-laranja sorria.
Evelin olhou a avó esperando uma explicação para aquele presente tão inesperado.
Camila sorriu adivinhando os pensamentos da neta:
- É uma fada. As fadas são protectoras das pessoas que as acolhem, dão alegria e amor…achei que era disso mesmo que precisavas…
Evelin baixou o olhar achando ridícula aquela crença da avó.
- Avó… - Disse ela -…eu não acredito em contos de fadas! Os meus problemas não se vão resolver com uma fada muito menos com um globo de neve!
Evelin levantou-se e dirigiu-se ao fundo do corredor onde ficava o seu quarto.
O quarto era pouco maior que o hall de entrada do seu prédio e apesar da decoração ser um pouco antiquada, tinha uma janela que lhe oferecia uma bela vista sobre o bosque.
Evelin pousou o globo na mesa-de-cabeceira junto à rosa azul. Depois sentou-se no chão com a cabeça entre as pernas. Os pensamentos corriam-lhe a mil á hora, toda a sua vida de infortúnio e agora para piorar mais a situação encontrava-se num sítio isolado longe das poucas coisas que ainda lhe traziam alegria.
Na mente de Evelin persistia a imagem de Paulo beijando Cecília, de todas as raparigas rindo-se dela e de um mundo inteiro a ignora-la.
- Não acredito em contos de fadas! – Gritou Evelin e num movimento de raiva derrubou o globo de neve que caiu ruidosamente no chão.
Nesse momento um deu-se um enorme clarão de luz que quase cegou Evelin. Quando o clarão acabou Evelin abriu os olhos lentamente. O globo estava despedaçado no meio do chão. A jovem correu para ele tentando apanhar todos os pedacinhos, mas algo faltava, talvez a peça mais importante do globo de neve – a fada laranja.
Evelin procurou desesperadamente pelo chão do quarto, debaixo dos móveis e da cama até que, uma voz fina e melodiosa a faz saltar.
- É verdade aquilo que disseste? – Perguntou a voz.
Evelin olhou à sua volta assustada por não avistar ninguém no quarto.
- Aqui em cima tonta! – Disse a voz.
Evelin ergueu o seu olhar até á mesa-de-cabeceira e qual não foi o seu espanto, quando viu, ao lado da rosa azul, uma pequena mulher, que não parecia ter mais de vinte centímetros, de cabelos cor de fogo, uns grandes olhos verdes, envergando um curto vestido cor-de-laranja e uma asas igualmente laranja.
- Olá! – Disse a mulher acenando e esboçando um simpático sorriso.
Evelin soltou um grito recuando rapidamente.
- O que…o que és tu? – Perguntou Evelin receosa.
A mulher levantou-se e espreguiçou o seu pequeno corpo.
- O meu nome é Caprice, sou uma fada e tu acabas-te de me libertar! – Sorriu ela.
Evelin não conseguia fechar a boca de espanto.
- Aquela tarte devia estar estragada…- Disse Evelin para consigo - …tem calma Evelin, deves ter adormecido e vais ver que tudo isto não passa de um sonho.
Caprice franziu o sobrolho e voou até Evelin que recuou rapidamente.
- Porque não acreditas que sou real? Não me estás a ver? – Perguntou a fada sempre tentando alcançar Evelin.
- As fadas não existem…eu devo estar com alucinações e tudo isto vai acabar brevemente. – Respondeu Evelin tentando a todo o custo acreditar nas suas palavras.
- Bem… - Caprice sorriu maliciosamente -…se eu não existisse… - A fada aproximou-se de Evelin – Conseguiria fazer isto?! – Caprice puxou violentamente um cabelo a Evelin.
- Ai! – Gritou a jovem. Depois pensou por instantes tentando assimilar tudo – Então isso quer dizer que tu és real? Uma fada? Daquelas que fazem magia e tudo?
Caprice acenou afirmativamente.
- Magia, truques, traquinices…tudo e mais alguma coisa! – Concluiu ela – E como me salvas-te da minha prisão de neve tenho o dever de ser tua protectora para sempre! – Acrescentou Caprice.
- Minha protectora?! – Evelin soltou uma risada enquanto se levantava do chão – Vais precisar mais do que vinte centímetros para me puderes proteger!
Caprice seguiu Evelin.
- Eu posso ter a altura que desejar, mas só dentro de Celtiwonde! – Afirmou a fada.
- Celti quê?! – Perguntou Evelin que ficava cada vez mais baralhada.
- Celtiwonde! O bosque mágico! Nunca ouviste falar?! Admira-me pois o teu quarto tem vista para a sua entrada!
Evelin olhou Caprice confusa.
- Sabes…hum… - Caprice hesitou.
- Evelin… - Ajudou a jovem.
- Sim Evelin! Sabes Evelin eu acho que devias vir comigo a Celtiwonde! Só para veres como as fadas são bem reais! – Sugeriu Caprice.
- A Celtiwonde?!
- Sim! Porque não vens comigo amanhã?
Evelin encolheu os ombros e foi-se deitar.
Na manhã seguinte Evelin acordou com o cheiro delicioso de chocolate quente. Levantou-se e correu rapidamente para a porta até que foi detida pela voz de Caprice.
- Bom dia dorminhoca! – Saudou a fada.
Evelin parou junto à porta e virou-se lentamente encarando a fada.
- Oh…afinal não eras um sonho…
Caprice tomou uma expressão zangada:
- É claro que não sou um sonho! Porque é tão difícil para ti acreditares que as fadas existem?! – Replicou Caprice.
Evelin sorriu:
- Talvez porque elas não existiam de onde eu vim! – Dito isto a jovem precipitou-se para a cozinha.
Lá a avó Camila acabara de preparar o mais delicioso chocolate quente do mundo. Evelin bebia-o deliciando-se a cada gole e Camila observava-a sorrindo.
- Quais são os teus planos para hoje querida? – Perguntou a avó.
- Hum…- Evelin hesitou pensando na resposta pois nem ela sabia o que realmente ia fazer -…vou andar por aí! – Respondeu ela por fim terminando o seu chocolate quente.
A avó Camila levantou-se pegando na caneca vazia de Evelin:
- Então diverte-te querida! – Sorriu a avó.(...)

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enviado por Miss Cat as 6:42 da tarde 0 comentarios

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12.26.2005
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Aqui fica, como prometido o 1º capitulo desta aventura!
Espero que gostem!!!!!!!!!!!!!



Kiss

Gabriela Cardoso

enviado por Miss Cat as 10:33 da tarde 2 comentarios

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* 1º Capítulo *
* Evelin Ventura *

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A chuva caía abundantemente no chão do pátio da escola.
Um vulto caminhava lentamente, pisando todas as poças, enlameando as suas botas altas, pretas e gastas. Um vulto de estatura baixa, de longos cabelos negros que se colavam à face pálida de onde surgiam uns belos olhos cor de mel, que eram porém a única doçura naquela figura escura e triste.
Ao entrar no edifico da escola secundária, poucos eram os que notavam a sua presença, mas a jovem de 17 anos continuava o seu caminho, cambaleando por entre a multidão risonha e barulhenta, para se ir refugiar algures nas trevas do auditório da escola. Lá decorriam as audições para uma peça de teatro, uma peça que falava da alegria, do amor e da amizade. Porém nada disto interessava à jovem que lentamente se recostou numa das cadeiras vermelhas, e, colocando o seu leitor de cds portátil em funcionamento, deixou-se levar pela música.
No final das audições, um rapaz vestido de preto e com mais brincos no seu corpo do que a própria natureza permitia aproximou-se da cadeira onde a jovem havia adormecido.
- Evelin! – Chamou ele com a sua voz rouca mas ao mesmo tempo sedutora – Evelin! – Repetiu ele esforçando um pouco mais a voz.
A jovem estremeceu, abrindo rapidamente os olhos e deixando escapar um sorriso.
- Paulo… – Proferiu ela na sua voz quase inaudível -…já sabes se foste seleccionado?
O jovem baixou o seu olhar.
Evelin segurou-lhe a mão carinhosamente:
-Não fiques desanimado…eles não sabem distinguir um bom actor de… - Evelin olhou para o palco onde uma bela rapariga loira, de olhos azuis, ridiculamente vestida com um conjunto cor-de-rosa mostrava o seu maior sorriso para o realizador da peça, agradecendo-lhe o facto de a ter escolhido para sua protagonista.
Paulo soltou uma pequena gargalhada:
- Evelin…vá lá achas que estou preocupado por o grupo dos betinhos e das bonequinhas ter sido escolhido?! Ainda bem que eles não gostaram da minha representação, já viste o que seria ter de conviver mais três horas por semana com aquela gente?!
Paulo Nogueira soltou três gargalhadas curtas, como se o seu riso saísse soluçando.
Evelin forçou um sorriso e levantou de novo os seus olhos para a jovem loira:
- Havias de gostar que eu fosse como ela…bonita, bem vestida, sorridente…- Evelin levantou-se baixando o olhar - …sociável.
- “Eve”… - Paulo segurou nos ombros da jovem -…eu não quero saber dessas raparigas que vestem diariamente uma sorridente máscara de maquiagem, eu gosto é de ti Evelin, tu és bonita à tua maneira, não preciso de mais nada para ser feliz.
Evelin levantou finalmente o seu triste olhar encarando Paulo:
- Sempre tens a tua banda que é muito melhor que o teatro! – Sorriu a jovem.
Nesse momento a rapariga loira aproximou-se dos dois:
- Olá Paulinho! – Disse ela esboçando o seu mais perfeito sorriso. Depois espreitou por de trás do ombro do jovem a fim de avistar Evelin – E tu…hum… Elisa…
- Evelin… – Corrigiu Evelin sem nunca a olhar nos olhos.
- Sabias que o teu namorado Elisa…
- Evelin… – Corrigiu a jovem novamente.
-…o teu namorado é um grande actor! Eu estive a falar com o realizador e pedi-lhe que ponderasse mais acerca do desempenho do Paulo e ele concordou em colocá-lo na peça novamente!
- Estás a falar a sério Cecília?! – Perguntou Paulo não escondendo o seu entusiasmo.
- É claro que sim querido! Não é óptimo?! Tu e eu vamos representar lado a lado na peça do final do ano! – Gritou estridentemente Cecília.
- Estou sem palavras “Céci”! Isso o demais mais demais do mundo!
Cecília sorriu apesar de não ter percebido o que o jovem quis dizer com aquilo. De seguida olhou para Evelin, que havia sido esquecida por ambos:
- Hum…só tenho pena que os bilhetes para o espectáculo do final de época já tenham acabado… - Disse Cecília fingindo a sua tristeza – Desculpa Elisa, mas parece que não vais puder ver o teu namorado a actuar…não é que isso te incomode é claro, afinal não dás valor a coisas que envolvam cultura. – Cecília sorriu e saiu do auditório.
- “Céci”?! – Disse Evelin indignada saindo também porta fora.
Paulo correu atrás dela:
- Evelin! – Gritou ele correndo para alcançar a namorada – Evelin espera! – Disse ele agarrando-lhe um dos seus frágeis braços. – Evelin que se passa contigo? Não compreendo! Não queres que eu represente na peça?! Não queres que faça algo que sempre gostei de fazer?
Evelin soltou-se bruscamente:
- Quem me dera que fazer o que gostas não envolvesse passares mais tempo com a Cecília Costa! Eu odeio-a Paulo e tu sabes disso! Achas que é fácil para mim ver-te a trocar sorrisos com ela?!
- “Eve”! Eu odeio a Cecília tanto como tu e sei que é difícil para ti mas faz esse sacrifício… por mim... – Paulo beijou a testa de Evelin - …pelo nosso amor.
Evelin sorriu e baixou de novo o olhar.
- Se quiseres aparece hoje á noite no “Flash”, vou estar lá com o pessoal da banda. – Disse Paulo afastando-se pelo corredor deixando Evelin sozinha.
A jovem olhou à sua volta, observando os alunos que passavam contando as aventuras diárias, alegrando-se por se aproximarem as tão desejadas férias de Natal. No seu interior Evelin também se alegrava com o final das aulas, mas não por puder passar todo o tempo sem fazer nada, alegrava-se porque eram nessas semanas que não tinha de lidar com todas aquelas pessoas que ela tanto odiava, as pessoas que a ignoravam, que desconheciam a sua existência e que contribuíam para o seu desaparecimento total. Paulo era o único que se preocupava com ela, o único que a fazia sentir-se amada. Haviam crescido juntos pois sempre moraram no mesmo prédio. E desde sempre Evelin o amara com todo o amor que não podia repartir por amigos. No fundo Paulo era a única pessoa no mundo sombrio de Evelin.
Evelin caminhou lentamente para casa. A chuva continuava a cair ignorando também a presença da jovem, era como se toda aquela cidade, a que Evelin chamava de “Cidade Cinzenta”, fechasse os olhos à passagem da jovem.
Entrou no seu prédio cujo exterior estava manchado com o fumo, subiu de elevador até ao 6º andar, e entrou no apartamento 6º esquerdo.
Lá dentro tudo estava escuro, e a jovem Evelin não se preocupou em acender a luz ou em abrir as janelas, apenas se dirigiu à cozinha onde os pais, Álvaro e Cristina Ventura, haviam deixado o habitual bilhete a informar onde estava o jantar da jovem.
A jovem rapariga raramente estava com os seus pais que saíam para trabalhar antes de Evelin acordar e chegavam depois desta já se ter deitado. O pai geria uma empresa de cremes corporais e a mãe, auto denominava-se de “consultora de moda”, mas não era mais do que da gerente de uma loja de roupa que passava o dia dar conselhos a mulheres ricas e gordas sobre o que vestir.
Evelin nem precisou de ler o pedaço de papel escrito á pressa, arrancou-o da porta do frigorífico e deitou-o no lixo. Depois dirigiu-se ao micro-ondas de onde retirou um pacote que guardava o que restou de uma refeição encomendada por telefone e atirou o pacote para junto do bilhete dos pais. De seguida dirigiu-se ao seu quarto.
Eram 17 metros quadrados de posters de grupos de heavy metal entre eles uma foto da banda na qual o seu namorado era baterista.
Evelin olhou-se ao espelho (coisa que raramente fazia), pensou em arranjar-se para aquela noite, em pentear o cabelo, em vestir algo melhor, em pôr-se bonita para Paulo, afinal ele merecia.
A jovem abriu o armário onde descansavam solitárias seis camisolas e três pares de calças pretas. Evelin suspirou e retirou a sua camisola mais “provocante”, que, ao contrário das outras, mostrava um pouco dos seus ombros brancos. Depois penteou os longos cabelos negros que lhe davam pela cintura. Atreveu-se mesmo a esgueirar-se até ao quarto dos pais e colocar um pouco de brilho nos lábios com um gloss da sua mãe.
“Se a minha mãe me visse agora” – Pensou ela ao sair de casa.
A chuva tinha parado quando Evelin alcançou o letreiro vermelho onde se lia “Bowlling Flash”. Era o local de entretenimento preferido da jovem e apesar de se encontrar num recanto da Cidade Cinzenta estava sempre repleto de jovens, e essa noite não era excepção.
Evelin procurou o seu namorado numa das pistas de bowlling, mas avistou apenas Carl B., o vocalista da banda com a sua namorada daquela noite.
- Carl! – Chamou Evelin acenando.
O vocalista levantou-se espantado com a presença da jovem.
- Evelin…por aqui hoje? – Perguntou ele um pouco nervoso.
- Sim…vim encontrar-me com o Paulo como de costume… - Respondeu ela estranhando o comportamento de Carl.
- O Paulo! O Paulo… hum – Carl baixou o olhar e Evelin não deixou de notar um sorriso de troça vindo da namorada do musico - …bem Evelin…o Paulo ele saiu… - Concluiu Carl.
- Boa noite Evelin! – Cumprimentou a namorada de Carl com o seu ar trocista – O que o Carl queria dizer é que o Paulo está lá fora à tua espera.
Carl olhou a namorada com espanto, mas mal teve tempo para responder pois Evelin já se havia dirigido para a saída.
Ao fim de alguns segundos à sob a pesada chuva que recomeçara a cair Evelin avistou Paulo de costas, mas quando se aproximou parou bruscamente como se uma barreira invisível a tivesse detido e uma faca afiada a tivesse atravessado. Uma lágrima escorreu pela sua face ao ver o que os seus olhos não queriam ver e ao sentir o que o seu coração solitário nunca pensou sentir. Paulo estava ali, poucos metros à sua frente beijando Cecília, a mesma Cecília que ele dissera odiar.
Evelin virou costas e correu o mais que pôde até alcançar a entrada do seu prédio. Ao passar pelo espelho do seu quarto limpou violentamente o gloss dos seus lábios e encolheu-se num canto escuro do seu quarto chorando a sua triste sorte.
No dia seguinte, ao entrar na escola Evelin deparou-se com Cecília e o seu grupo de amigas. Cecília soltou uma forte gargalhada ao avistar Evelin, esta olhou-a friamente.
- Lamento Elisa… - Disse Cecília por entre a sua gargalhada -…mas há coisas que são boas de mais para ti!
Evelin parou escutando as gargalhadas ruidosas do grupo das “bonequinhas”.
- O meu nome é Evelin! – Gritou ela avançando com toda a sua raiva para Cecília que soltou um grito.
Uma multidão de jovens juntou-se para ver as duas raparigas lutarem, uns aplaudiam outros gritavam, e por fim Paulo correu para elas alarmado por todo aquele alarido.
- Evelin pára! – Gritou ele tentando furar por entre a multidão.
Quando alcançou as jovens agarrou em Evelin enquanto Cecília ficara no chão soluçando ofegantemente.
- Evelin estás louca?! – Gritou de novo Paulo.
Evelin conseguindo por fim libertar-se olhou-o com desdém:
- Como é que foste capaz de me fazer uma coisa destas?! Eu vi-te ontem à noite com ela! – Gritou Evelin por entre lágrimas.
Nesse momento a discussão foi interrompida por um professor que assistiu a tudo.
- Menina… - Disse ele apontando para Evelin - …faça o favor de se dirigir comigo ao gabinete do director.
Evelin limpou as lágrimas e caminhou cabisbaixa à frente do professor, deixando toda a gente espantada com aquela situação.
O director da escola, um homem gordo cuja face parecia fundir-se com o pescoço, andava de um lado para o outro na frente de Evelin.
- Menina Evelin Ventura… – Disse ele por fim -…será que me pode explicar o que se passou?
- Eu tive uma discussão que não acabou bem com a Cecília… - Murmurou Evelin sempre com os olhos fixos no chão.
- Bem me pareceu que a culpa tinha sido sua. – Disse ele.
Evelin levantou rapidamente o olhar:
- Mas não foi! Ela é que me provocou! – Gritou Evelin.
- Menina Evelin…- O director nunca perdia a calma ao falar -…pelo que me consta dos seus registos… - Disse ele consultando umas folhas -…a menina anda no 11º ano, e poucos são os professores que se podem alegrar com a sua adorável presença nas aulas. – Afirmou o director ironicamente – Também não ouvi falar das suas notas excelentes pelo que devo presumir que não existem. Sendo assim, e tendo em conta que a menina Cecília Costa é academicamente o seu oposto… - O director estendeu um papel a Evelin -…a menina está expulsa!
Evelin estremeceu com esta afirmação, mas não pronunciou uma única palavra e saiu silenciosamente do gabinete.
Já em casa Evelin esperou pelos pais, e as horas que outrora demoravam a passar desta vez pareciam ter acelerado.
Quando Álvaro e Cristina entraram em casa Evelin respirou fundo e apresentou-lhes o papel da sua expulsão.
Cristina irrompeu em lágrimas e Álvaro olhou furiosamente para a filha.
- Evelin. – Disse ele na sua voz grave e firme. – Já para o teu quarto e só de lá sais quando eu te chamar.
Evelin não contestou e encaminhou-se para o quarto.
Uma hora passou até Evelin ouvir a voz de seu pai a chama-la.
A jovem foi encontrar os pais sentados na mesa da cozinha. O pai apontou-lhe uma cadeira e Evelin sentou-se obedientemente.
- Evelin… - Começou Álvaro - …estamos muito desapontados contigo! Nós pensávamos que te tínhamos dado a educação devida, pensávamos que tudo estava bem na escola, e afinal…estivemos a investir em ti para nada! – Gritou ele.
Evelin levantou-se bruscamente:
- Eu não sou nenhum dos teus produtos em que investes! Eu sou uma pessoa! Sou vossa filha! Expliquem-me como é que querem dar-me educação se passo semanas sem vos ver! – Gritou Evelin indignada.
Cristina voltou a desfazer-se em lágrimas.
- Evelin! Já chega! – Impôs-se Álvaro – Eu e a tua mãe decidimos que enquanto não arranjarmos uma escola que te aceite vais para Celtin morar com a avó Camila.
- O quê?! – Surpreendeu-se Evelin – Com a avó Camila?! Em Celtin?! Naquele fim de mundo campestre?! Onde não há bowlling e dificilmente há televisão?! Vocês não me podem fazer isso!
- Podemos e vamos fazê-lo Evelin. Faz as malas pois amanha bem cedo partes para Celtin.
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enviado por Miss Cat as 10:06 da tarde 6 comentarios

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