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10.10.2006
* 4º Capítulo *
"A Guardiã"

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O olhar de Evelin continuava preso nas nuvens que cobriam os ramos e a folhagem, completamente pasmada com a magnitude daquela árvore, quando um assobio estridente a fez saltar. Era Violet que soprava um pequeno apito de pérola branca.
Mal Evelin teve tempo de se questionar sobre aquela atitude inesperada e insólita já, diversos bateres de asas, sacudindo a folhagem, se faziam ouvir vindos do cimo da árvore. Porém, á medida que se aproximavam do solo, o que outrora parecera ser um delicado esvoaçar de pássaro transformara-se agora num pesado e ruidoso bater de asas, que, ao chegar perto do jovens, causou uma ventania tal que os obrigou a cobrirem a face com o braço.
Ao fim de poucos segundos tudo voltara ao silêncio e calma anteriores.
Evelin foi obrigada a, finalmente, baixar os braços quando sentiu um violento puxão nos seus cabelos.
A jovem soltou um grito de dor e, ao voltar-se, deu um salto que a fez cair no chão.
Diante dela estavam três belíssimos e elegantes cavalos brancos com duas enormes asas laterais cada um.
Evelin piscou os olhos de espanto e Violet apressou-se a explicar.
- Estes três belos animais, criados e tratados única e exclusivamente pelos Elfos de Ellyll, são pégasos! Hum… - Hesitou ela temendo ter sido demasiado vaga na sua explicação não tendo satisfeito assim as duvidas de Evelin - …são como que um cavalo de dupla função! Neste caso, além de cavalgarem normalmente, podem também transportar-nos até Ellyll!
Sempre que explicava algo, Violet dava uma entoação ás suas frases que as tornavam em afirmações mais gloriosas do que na realidade era, o que deixava Evelin adivinhar uma certa ansiedade na elfa em ser bem aceite pelos outros não fosse a sua família de grande importância.
Evelin levantou-se finalmente sacudindo as calças empoeiradas, não podendo deixar de notar um sorriso de malícia em Matt. Esta situação, em conjunto com o secretismo que o jovem mostrara naquela manhã, deixavam Evelin profundamente irritada, mas nada disse pois uma outra questão preocupava-a muito mais, o facto de ter que montar aqueles estranhos animais e, confiando naquelas criaturas que minutos antes lhe tentaram devorar o cabelo, subir até uma elevada altitude. Não era uma boa opção de forma alguma, mas não havia outra escolha.
Matt não demorou muito a aproximar-se de um dos pégasos ajudando Violet a subi-lo. De seguida montou outro dos animais sem se preocupar sequer em ajudar Evelin a quem tudo aquilo era estranho.
A jovem, cujo ódio aumentava a cada segundo, tentou mostrar-se indiferente perante tal falta de cavalheirismo e subiu para o pégaso que restava. Este rapidamente se afastou com um relinchar fazendo Evelin cair de novo no chão.
Os três pégasos relincharam em conjunto como se rissem de Evelin e esta, que começava a ficava a ficar seriamente zangada olhou para Matt. De novo o sorriso malicioso. De seguida olhou Violet na esperança de que esta a pudesse ajudar.
- Não podes tocar-lhes nas asas… - Disse Matt surpreendendo a jovem -…pois essa é a parte mais frágil do seu corpo. Vê se não te demoras pois não temos tempo a perder!
-“Não temos tempo a perder…Não temos tempo a perder…”- Resmungou Evelin entre dentes enquanto montava a criatura.
Caprice apressou-se a esconder-se no capuz da amiga.
Rapidamente Violet soltou novo assobio acrescentando com entusiasmo:
- Aqui vamos nós!
Quase instantaneamente os pégasos levantaram voo com um movimento que, ao apanhar Evelin de surpresa, a fez agarrar-se ao pescoço do animal.
Os pégasos voavam rapidamente e numa subida tão inclinada que se as pessoas que transportavam não se agarrassem bem poderiam cair.
Após alguns segundos de viagem um grosso ramo atravessou-se em frente ao pégaso de Evelin e esta fechou os olhos esperando o inevitável choque. Porém, como este parecia nunca mais acontecer, a jovem abriu os olhos e viu, com grande alívio, que o obstáculo ficara para trás. O seu pégaso relinchou parecendo gozar de novo com a sua inexperiente montadora. Evelin, não se contendo mais, deu uma leve pancada na asa do animal e este acelerou de tal forma que, por pouco, a jovem não caía.
Assim, Evelin e Caprice alcançaram o topo da grande árvore primeiro que os seus companheiros.
A jovem não pôde deixar de soltar um profundo suspiro de alívio por ter sobrevivido e, só depois de olhar à sua volta é que o seu coração pareceu parar de novo.
Caprice, que saiu rapidamente do casaco de Evelin, pareceu ficar igualmente pasmada.
Encontravam-se num amplo pátio de azulejos brancos que reluziam com a luz do sol, rodeado por fofas nuvens. Em frente, centrado numa fileira de chafarizes de mármore branco, estava o objecto de espanto das duas amigas. Um enorme palácio, feito em pedra de uma brancura reluzente, erguia-se rasgando as nuvens. Haviam centenas, se não milhares, de janelas em todo o seu comprimento e, ao centro, mesmo diante de Evelin e Caprice, estava uma gigantesca porta feita também daquela reluzente pedra.
Minutos depois, ainda ofuscadas com a beleza e brilho daquele monumento, Evelin e Caprice estremeceram com a chegada de Violet e Matt.
- Voas muito rápido Evelin, para quem não sabia sequer montar o pégaso. – Disse Matt soltando uma gargalhada.
Evelin revirou os olhos e seguiu Matt e Violet através da rua de chafarizes.
Poucos metros atrás do grande portão branco, o caçador parou bruscamente obrigando Evelin e Caprice a pararem também. Apenas Violet prosseguiu parando diante do portal. De seguida segurou uma pequena chave que pendia do seu colar.
-Para uma porta tão grande bem que podiam fazer uma chave à medida. – Gozou Evelin.
Matt olhou-a, mas nada disse e fitou de novo Violet.
Após segurar solenemente, durante alguns momentos a chave, Violet começou a proferir estranhas palavras que Evelin nunca antes ouvira.
- Isto é a linguagem dos elfos ou algo assim? – Perguntou Evelin sem tirar os olhos de Violet.
- É o antigo dialecto de Celtiwonde! – Responderam Caprice e Matt em uníssono.
Evelin preparava-se para responder quando um ruidoso ranger fez estremecer o chão e uma ofuscante luz branca invadiu o pátio do palácio. Evelin abriu a medo os olhos e diante dela o portal abria-se revelando um corredor de chão branco iluminado por centenas de candelabros prateados.
Violet fez-lhes sinal da porta para que a seguissem.
Evelin foi a ultima a entrar e o portal fechou-se, suavemente, atrás de si. Lá dentro um aroma floral pairava no ar e Evelin sentiu-se mais calma que nunca. Á medida que andava os seus pés pareciam flutuar no céu e o seu cabelo parecia esvoaçar numa brisa de Verão fazendo a jovem esboçar um sorriso involuntário. (...)
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enviado por Miss Cat as 9:06 da manhã

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